É triste a realidade
encontrada hoje no Brasil para aqueles que ingressam na carreira jurídica, pois
após cinco anos de curso numa faculdade, e o sufoco na busca pela aprovação no
Exame da Ordem, vem a dificuldade: onde estão os empregos?
Empregos há, porém a oferta de
advogados encontra-se maior que a demanda de vagas, ademais, como em artigo
publicado anteriormente, o “QI vale mais do que o currículo em Brasília”.
Atualmente, em Brasília são
publicados por semana em sites de empresas de seleção, jornais de grande
circulação o número de 15 vagas para trabalhar como advogado, pois há dois
meses venho fazendo esse levantamento e isso foi o que pude constatar.
As empresas que disponibilizam
essas vagas recebem por volta de 650 currículos, e muitos sem a qualificação
exigida no anúncio, e ainda ofertam salários de até mesmo R$ 650,00 (seiscentos
e cinquenta reais) e com a exigência de que o candidato tenha carro.
Se não bastasse essa
exigência, as empresas fazem contratos com clausulas abusivas, colocando o
advogado como profissional autônomo, ou prestador de serviço, e ainda com a exigência
de exclusividade, e caso esse faça a captação de cliente para as empresas,
nesse último caso escritórios de advocacia, essa repassa a percentagem de 10%
no final do processo, detalhe, se vencedor.
Coloco-me a questionar, qual a
motivação de um jovem que se dedicou cinco anos e ainda enfrentou o tão temido
Exame da OAB, encarar a disputa por essa vaga? A necessidade.
Ainda, que muitos encontrem no
concurso público a esperança de mudança do seu futuro profissional, isso não
ocorre do dia para a noite, é necessário dedicação, sacrifício e tempo. No
entanto, a necessidade de comer, vestir, morar é diária, e o jovem advogado
precisará ter um meio de sustento, caso esse não tivera a sorte de nascer numa
família com um poder aquisitivo que gere preocupações na sua mente.
A realidade chega ser tão
desanimadora, que um dia num salão arrumando meus cabelos, começo a ouvir a
conversa da cabeleleira com uma cliente, dizendo que havia se formado há um
ano, depois de muito sacrificio seu e de sua família, no entanto, não havia
conseguido uma colocação no mercado, o que a impedia de abandonar o ofício de
cabeleleira.
Brasília tem um aspecto muito
peculiar, a sua deficiência de industrias, de empresas de grande porte, que
possuam setores jurídicos, onde promovem a contratação de advogados, aqui não
ocorre. E isso infelizmente faz com que dependam de escritórios que quando
abrem oportunidades de trabalho, oferecem contratos abusivos, e o advogado
desempregado, acaba se sujeitando a isso.
Por fim, na prática,
visualiza-se um mercado de trabalho com pouca oferta e as que aparecem, são em
condições abusivas e seriam inaceitáveis, caso não houvesse o desemprego. E
chego a conclusão, que se você quiser ganhar mais na advocacia, monte seu escritório. Caso não seja seu
objetivo, se mude para uma capital industrial e busque a colocação numa empresa
de grande porte ou até mesmo pequeno porte, mas que valorize seu potencial e e
estudo.
Acrescentando em 29.01.2010 –
esse foi o anuncio publicado no Correio Brasiliense “ADVOGADO ASSISTENTE PARA
AÇÕES de cobrança salário R$ 650 + vt + va. curriculum@conceitosadm.com.br” .
Concordem ou não comigo, mas
isso confirma a tentativa dos empregadores de fazer com que os advogados se
prostituam, aceitando empregos com valores deprimentes.