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quinta-feira, 29 de março de 2012

A Prostituição no mercado de trabalho dos advogados



É triste a realidade encontrada hoje no Brasil para aqueles que ingressam na carreira jurídica, pois após cinco anos de curso numa faculdade, e o sufoco na busca pela aprovação no Exame da Ordem, vem a dificuldade: onde estão os empregos?
Empregos há, porém a oferta de advogados encontra-se maior que a demanda de vagas, ademais, como em artigo publicado anteriormente, o “QI vale mais do que o currículo em Brasília”.
Atualmente, em Brasília são publicados por semana em sites de empresas de seleção, jornais de grande circulação o número de 15 vagas para trabalhar como advogado, pois há dois meses venho fazendo esse levantamento e isso foi o que pude constatar.
As empresas que disponibilizam essas vagas recebem por volta de 650 currículos, e muitos sem a qualificação exigida no anúncio, e ainda ofertam salários de até mesmo R$ 650,00 (seiscentos e cinquenta reais) e com a exigência de que o candidato tenha carro.
Se não bastasse essa exigência, as empresas fazem contratos com clausulas abusivas, colocando o advogado como profissional autônomo, ou prestador de serviço, e ainda com a exigência de exclusividade, e caso esse faça a captação de cliente para as empresas, nesse último caso escritórios de advocacia, essa repassa a percentagem de 10% no final do processo, detalhe, se vencedor.
Coloco-me a questionar, qual a motivação de um jovem que se dedicou cinco anos e ainda enfrentou o tão temido Exame da OAB, encarar a disputa por essa vaga? A necessidade.
Ainda, que muitos encontrem no concurso público a esperança de mudança do seu futuro profissional, isso não ocorre do dia para a noite, é necessário dedicação, sacrifício e tempo. No entanto, a necessidade de comer, vestir, morar é diária, e o jovem advogado precisará ter um meio de sustento, caso esse não tivera a sorte de nascer numa família com um poder aquisitivo que gere preocupações na sua mente.
A realidade chega ser tão desanimadora, que um dia num salão arrumando meus cabelos, começo a ouvir a conversa da cabeleleira com uma cliente, dizendo que havia se formado há um ano, depois de muito sacrificio seu e de sua família, no entanto, não havia conseguido uma colocação no mercado, o que a impedia de abandonar o ofício de cabeleleira.
Brasília tem um aspecto muito peculiar, a sua deficiência de industrias, de empresas de grande porte, que possuam setores jurídicos, onde promovem a contratação de advogados, aqui não ocorre. E isso infelizmente faz com que dependam de escritórios que quando abrem oportunidades de trabalho, oferecem contratos abusivos, e o advogado desempregado, acaba se sujeitando a isso.
Por fim, na prática, visualiza-se um mercado de trabalho com pouca oferta e as que aparecem, são em condições abusivas e seriam inaceitáveis, caso não houvesse o desemprego. E chego a conclusão, que se você quiser ganhar mais na advocacia,  monte seu escritório. Caso não seja seu objetivo, se mude para uma capital industrial e busque a colocação numa empresa de grande porte ou até mesmo pequeno porte, mas que valorize seu potencial e e estudo.
Acrescentando em 29.01.2010 – esse foi o anuncio publicado no Correio Brasiliense “ADVOGADO ASSISTENTE PARA AÇÕES de cobrança salário R$ 650 + vt + va. curriculum@conceitosadm.com.br” .
Concordem ou não comigo, mas isso confirma a tentativa dos empregadores de fazer com que os advogados se prostituam, aceitando empregos com valores deprimentes.

19 comentários:

  1. caraca depois de uma dessas vou escolher outra coisa pra fazer!

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  2. Ao ler esse triste relato, posso dizer sem medo de errar: infelizmente essa é a realidade em todo o país. Moro no Rio de Janeiro, aos 17 anos passei para Direito em 3 Universidades Federais. Estava nas nuvens, deslumbrado com as possiblidades que a carreira "prometia", pessoas ao meu lado já me chamavam de Dr. e eu me sentia o máximo. Vi amigos fazendo cursos ao meu ver "estranhos", como Agronomia, Desenho Industrial, Engenharia de Alimentos e pensava comigo, coitados, vão passar fome. Hoje estou formado a 2 anos, trabalho num grande escritório, os donos recebem fortunas, mas o meu salário de fome mal dá pra pagar as contas. O pior, todo dia chegam por volta de 10 currículos no escritório, se eu reclamar é rua na certa. Meus amigos, todos, estão muito bem, bem estabilizados em suas profissões, comprando apartamentos, carros e fazendo viagens internacionais. E eu?
    O que adiantou tanta inteligência? Ter me formado numa FEDERAL? Nada. Me sinto um lixo.

    Se pudesse voltar atrás, JAMAIS faria Direito.

    Tem gente que diz: eu faço pq amo. Como amar uma coisa que não te proporciona retorno.

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    1. Na verdade a escola básica não prepara para as "novas profissões". Sou advogada, me formei e passei na OAB nesse mês e tenho formação técnica em Logística, como técnica tenho emprego mas como advogada...eu tbm acho que deveria ter escolhido outra Faculdade...mas não tem choro, não!
      Vou tocando e pretendo fazer um MBA em Administração ou Finanças (Fiz OAB e estagiei na área tributária) e tentar trabalhar em uma empresa.
      Carreira jurídica mos moldes dos filmes americanos...isso definitivamente não dá!

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    2. Cara, faz concurso... Vc é inteligente, vc passa facilmente... O primeiro salário que vc receber vai compensar todo esse esforço... E vai fazer vc voltar atrás no que disse sobre ter cursado direito. Qualquer carreira jurídica aí vc tira mais de 10 mil líquidos por mês.

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    3. Eu também jamais teria feito Direito, se pudesse voltar no tempo. Hoje um técnico (em qualquer área) ganha mais. Uma recepcionista de hotel ganha o mesmo salário que advogado, mas ainda ouso dizer que ganha mais, pois tem carteira assinada, recebe vários benefícios, plano de saúde, VT, etc.

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  3. Achei muito pertinente e corajoso seu "desabafo". Aqui em Santa Catarina (propalado estado de primeiro mundo - propanga ultraenganosa), a classe dos advogados é tratada com menosprezo por clientes, juízes, funcionariozinhos de foruns, um absurdo. Creio que um bom caminho para mudar este quadro, seria a obrigatoriedade como acontece na maior parte dos países verdadeiramente desenvolvidos de opção obrigatória ainda no curso por uma das áreas do direito e sua residência, para que nos formássemos e atuássemos exclusivamente como advogados de família; criminalistas; tributaristas; etc, e assim gabaritássemos nosso mercado de trabalho. Agora do jeitão que é aqui no Brasil, em que faculdades faturam alto e pouco ensinam e somos jogados no mercado de trabalho como uma espécie de clínico geral do direito, é todo um prato cheio para a tal prostituição da classe e para a exploração por exemplo dos donos das poderosas bancas, além do canibalismo advocatício do meio em que a falta de ética mantém-se reinante. Esta é minha opinião.

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  4. Prezados,
    Lamentavelmente esta é a realidade. Não obstante isto, muitos escritórios de grande porte forjam a legislação trabalhista pagando um fixo aos advogados fazendo crer que são associados, mas na prática são empregados. Porém para manter a "dignidade" este problema não está chegando na JT. Essa prática tem que acabar, denunciem ao MPT. Advogados sem 13, sem férias, sem garantias...

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  5. Concordo plenamente com vc. Aqui em Minas a situação também não é diferente. Já ganhei muito dinheiro na advocacia, mas atualmente a situação é preocupante. O curso de Direito está banalizado, não há mercado para tanta gente e os concursos públicos estão cada vez mais difíceis.A mudança na legislação Processual Penal também atrapalhou bastante, haja vista que os crimes que dependiam de liberdade provisória, são liberados na Delegacia.Apesar de ter mais de 10 anos de advocacia e gostar muito da profissão, estou estudando para fazer concurso, pois ando preocupado com o futuro.

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    1. Agora imaginem São Paulo, a tão sonhada capital kkkkkkkkkkkk

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  6. Prezados,
    Lamentavelmente esta é a realidade. Não obstante isto, muitos escritórios de grande porte forjam a legislação trabalhista pagando um fixo aos advogados fazendo crer que são associados, mas na prática são empregados. Porém para manter a "dignidade" este problema não está chegando na JT. Essa prática tem que acabar, denunciem ao MPT. Advogados sem 13, sem férias, sem garantias...

    Concordo plenamente com vc. Aqui em Minas a situação também não é diferente. Já ganhei muito dinheiro na advocacia, mas atualmente a situação é preocupante. O curso de Direito está banalizado, não há mercado para tanta gente e os concursos públicos estão cada vez mais difíceis.A mudança na legislação Processual Penal também atrapalhou bastante, haja vista que os crimes que dependiam de liberdade provisória, são liberados na Delegacia.Apesar de ter mais de 10 anos de advocacia e gostar muito da profissão, estou estudando para fazer concurso, pois ando preocupado com o futuro...

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  7. Aqui em SP, a mesma coisa. Salarios aviltantes, desrespeito e falta de perspectivas. Se eu sequer desconfiasse que de 2001(ano em que entrei pra faculdade) pra cá a coisa iria se deteriorar tanto, teria saido corendo pra bem longe de qualquer faculdade de Direito.

    O pior é que eu aviso pra todo mundo pra esquecer esse negocio de ser advogado, mas eles vem com aquele papo de "quem é bom se destaca" , mas esquecem que em um mercado saturado, seu valor vai baixar independentemente do quanto você é bom.

    Se pudesse voltar atras, jamais faria direito.

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  8. TODAS as profissões estão desvalorizadas no Brasil, eu disse TODAS. Sou Advogado e não tenho do que me queixar. Na verdade vc tem de ir à luta, conquistar teu espaço, buscar alternativas para a crise. Sempre haverá um divórcio ou uma ação do consumidor para se fazer. Não desista, no começo é difícil mas fácil vc vence.

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  9. Tenho um amigo que se graduou em Direito na melhor Universidade do Brasil, situada em São Paulo. Efetuou na mesma Universidade o curso de Mestrado, porém, foi trabalhar em escritório no qual recebe salário agregado de participação financeira na indicação de clientes. Ele só faz peças processuais. Tem, ainda, os advogados que realizam, somente, audiências, e ganham R$ 17,00 pela atuação.
    http://blog.portalexamedeordem.com.br/blog/2015/02/a-lei-da-selva-ou-r-1700-por-uma-audiencia-ou-mais-uma-evidencia-do-colapso-da-profissao/

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  10. Agora escuta essa: Eu tinha um escritório de advocacia em sociedade com minha amiga. Fechamos porque estava dando prejuízo e ela acabou indo para o interior e montou um pesque-pague. Eu fui para uma indústria farmacêutica trabalhar como advogada associada. Ganhava um fixo correspondente ao salário mínimo na época, mais alimentação. Nunca recebi honorário sobre nenhuma ação, conforme convencionado com a empresa. Nesse período, a loja do meu marido pegou fogo e a coisa foi só piorando. Tive que continuar com meu emprego por um tempo, pois meu marido não dava conta das despesas sozinho, além do quê, o apartamento que eu morava era alugado e aquela minha amiga, que foi minha sócia, era a minha avalista e eu tinha que honrar meus compromissos para não prejudicá-la. Fui humilhada um dia naquele escritório pela advogada que era sobrinha da dona, mas tive que engolir porque precisava. Daí resolvi sair de lá e advogar sozinha. Não deu certo, pois levaria tempo para me estabilizar e eu tinha dívidas que não podiam esperar. Tive depressão, morei um mês na casa da sogra porque não tinha como nem pagar a conta de energia da minha casa. Daí recebi uma proposta do meu antigo chefe que estava montando uma outra empresa, para trabalhar como auxiliar administrativa. Aceitei na hora, pois, acreditem, o salário era duas maior do que o que eu estava ganhando como advogada naquela indústria que eu falei, o trabalho é super tranquilo, o chefe é uma pessoa muito justa e educada. Hoje vivo um dilema, gostaria de voltar para a área jurídica, mas ao mesmo tempo fico muito insegura por tudo o que tenho observado e vivi. Além disso, hoje tenho mais uma pessoa que depende de mim, minha filha. Complicado não? Não sei o que fazer.

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    1. Prezados Colegas,

      Eu nem me lembrava mais sobre esse artigo que escrevi há três anos atrás. Lendo ele, lembrei da minha angustia recém aprovado na OAB-DF e procurando empregos como advogado. No final desse texto, afirmo que o melhor é abrir seu próprio escritório, se quer ganhar mais. E realmente foi a atitude que tomei. Menos de três meses após ter publicado esse texto, abri meu escritório sozinho no centro de Brasília. Não quis fazer sociedade com nenhum advogado, pois dividir pouco de honorários por dois, seria muito ruim. Eu tinha apenas R$ 4.000,00 para montar e manter esse escritório. Lembro que peguei R$ 3.000,00 e paguei logo três meses de aluguel adiantado e R$ 1.000,00 comprei poucos móveis. No dia 06 de maio de 2012 estava com o escritório pronto. Iniciei as atividades. Fiquei sentado por horas, dias e semanas sem que nenhum cliente entrasse em contato. Porém depois de 30 dias apareceu meu primeiro cliente. Lembro que fiquei todo sem graça, pois nunca tinha atendido nenhum cliente e nem sabia que preço cobrar de honorários. Eu estava tão perdido que cobrei R$ 50,00 para ajuizar uma ação de consignação em pagamento. rsrs. Os meses foram se passando e começaram a aparecer novos clientes. Resumindo a minha história desses últimos três anos, após montar meu escritório, hoje tenho um escritório composto com dois funcionários e um estagiário. Tenho tido uma renda mensal de média de R$ 15.000,00 líquidos e com conta do escritório já comprei três imóveis a vista, tenho dois carros quitados, casei e tenho um cachorro. Hoje tenho a vida que sempre quis ter e ainda pretendo crescer mais. Viajo quando quero e não devo satisfação a ninguém. Graças ao escritório fiz duas pós graduação e agora iniciou mestrado em direito numa universidade pública.
      Portanto, galera, tive um final feliz nessa história contada ai cima!.
      Boa sorte a todos!

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  11. Prezados Colegas,

    Eu nem me lembrava mais sobre esse artigo que escrevi há três anos atrás. Lendo ele, lembrei da minha angustia recém aprovado na OAB-DF e procurando empregos como advogado. No final desse texto, afirmo que o melhor é abrir seu próprio escritório, se quer ganhar mais. E realmente foi a atitude que tomei. Menos de três meses após ter publicado esse texto, abri meu escritório sozinho no centro de Brasília. Não quis fazer sociedade com nenhum advogado, pois dividir pouco de honorários por dois, seria muito ruim. Eu tinha apenas R$ 4.000,00 para montar e manter esse escritório. Lembro que peguei R$ 3.000,00 e paguei logo três meses de aluguel adiantado e R$ 1.000,00 comprei poucos móveis. No dia 06 de maio de 2012 estava com o escritório pronto. Iniciei as atividades. Fiquei sentado por horas, dias e semanas sem que nenhum cliente entrasse em contato. Porém depois de 30 dias apareceu meu primeiro cliente. Lembro que fiquei todo sem graça, pois nunca tinha atendido nenhum cliente e nem sabia que preço cobrar de honorários. Eu estava tão perdido que cobrei R$ 50,00 para ajuizar uma ação de consignação em pagamento. rsrs. Os meses foram se passando e começaram a aparecer novos clientes. Resumindo a minha história desses últimos três anos, após montar meu escritório, hoje tenho um escritório composto com dois funcionários e um estagiário. Tenho tido uma renda mensal de média de R$ 15.000,00 líquidos e com conta do escritório já comprei três imóveis a vista, tenho dois carros quitados, casei e tenho um cachorro. Hoje tenho a vida que sempre quis ter e ainda pretendo crescer mais. Viajo quando quero e não devo satisfação a ninguém. Graças ao escritório fiz duas pós graduação e agora iniciou mestrado em direito numa universidade pública.
    Portanto, galera, tive um final feliz nessa história contada ai cima!.
    Boa sorte a todos!

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    1. Sendo que é o dono do blog poderia postar como tal para dar mais crediblidade.

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  12. Tudo vai depender, pra quem acredita em destino, da sorte de cada um, obviamente aliado ao seu esforço e dedicação, aqueles que são mal sucedidos como advogados, primeiro analisem suas vidas e suas prioridades, certamente estão à procura de um bom retorno para o "investimento" que fizeram nos tempos de faculdade, mas é de bom alvitre lembrar que o conhecimento adquirido na faculdade não é suficiente para determinar o sucesso profissional como advogado. Seja agrônomo, engenheiro civil, médico, pedreiro, etc..., tudo vai depender da forma como está conduzindo sua vida profissional, buscar o conhecimento e a excelência naquilo que fazem nunca é de mais, então ao invés de ficar reclamando da vida, arregace as mangas, peça saúde e força a Deus, pra quem acredita, e bola pra frente que dá certo, assim como deu com o colega que publicou o texto...abraço a todos e boa sorte!

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