Brasilienses enfrentam diariamente um transporte caro, ruim e demorado
Publicação: 07/12/2010 07:43 Atualização: 07/12/2010 08:17
A rotina dos 1,5 milhão de brasilienses que dependem dos transportes públicos é semelhante. Os usuários do metrô e dos ônibus enfrentam diariamente a superlotação, o preço alto das passagens e filas para conseguir embarcar. Os passageiros precisam fazer longas viagens em pé, dentro de veículos velhos e sem manutenção. A renovação parcial da frota não resolveu problemas como esse e os transportes públicos são hoje uma das principais reclamações dos moradores da capital federal.
Além de o serviço prestado pelas empresas de ônibus estar muito longe do ideal, as passagens de Brasília estão entre as mais caras do Brasil. A tarifa média, de R$ 2,50, é bem superior ao preço máximo cobrado em Goiânia, que é de R$ 2,25, e em Belo Horizonte, onde o bilhete mais caro sai por R$ 2,30. Para piorar, as empresas negociam com o governo um reajuste que pode chegar a até 42,5% no ano que vem.
O copeiro Gilmar Monteiro dos Reis, 45 anos, percorre todos os dias o trajeto entre a QNQ de Ceilândia e a Rodoviária do Plano Piloto. Na maioria das vezes, faz o percurso de uma hora em pé. Para entrar no veículo na volta para casa, às vezes espera mais de 40 minutos. “O maior problema é a falta de ônibus. Eles demoram muito para passar e, quando vêm, estão completamente lotados. É muito ruim ter que trabalhar o dia inteiro e ainda voltar em um ônibus cheio”, reclama o copeiro.
De acordo com a Secretaria de Transportes, 1,1 mil veículos de transporte coletivo foram substituídos por modelos novos nos últimos quatro anos. Mas o estado de conservação ainda gera reclamações. Pelas ruas do Distrito Federal, é comum encontrar ônibus quebrados e passageiros esperando a chegada de um novo coletivo. O descumprimento dos horários e a ausência de informações nas paradas de ônibus também estão entre os motivos de queixas dos passageiros.
Para a secretária Joelma Lopes, 29 anos, a falta de conforto incomoda. “Acho um absurdo pagar R$ 3 pela passagem e nem sequer poder sentar dentro do ônibus. A fila da minha linha, que vai para Brazlândia, é a maior de toda a Rodoviária. Se eu chegar depois das 18h, tenho que esperar por quase uma hora”, conta Joelma, usuária da linha 400.2.
Especialistas em transportes públicos recomendam uma mudança radical na gestão do sistema da capital federal para que a população possa ter acesso a serviços de melhor qualidade. Para o professor da Universidade de Brasília e especialista em engenharia de tráfego Paulo César Marques, é preciso fortalecer os órgãos públicos de gestão.
“O sistema não pode funcionar unicamente baseado na lógica de mercado, como vem acontecendo. Hoje, quem manda e decide são os operadores, que são os empresários da área. Há muitos anos, não são feitas licitações e o órgão gestor é extremamente frágil”, explica Paulo César.
O professor também afirma que um dos maiores gargalos atualmente é a falta de integração entre os diferentes meios de transporte. Quem precisa fazer uma parte do trajeto de ônibus e outra de metrô precisa pagar duas passagens. Anunciado há pelo menos quatro anos, o bilhete único ainda não saiu do papel. “Uma das necessidades mais urgentes é a integração global do transporte público, que envolva também o sistema do Entorno.
Ao contrário do que foi divulgado, não há
necessidade de grandes obras para implantar isso. Basta implantar a bilhetagem eletrônica”, explica o professor Paulo César Marques.
Entorno
Quem mora no Entorno e trabalha no DF sofre ainda mais. Para vir de Águas Lindas (GO) até o centro de Brasília, o jardineiro Odair José da Silva, 37 anos, gasta diariamente R$ 4,25 em cada trecho. As reclamações são semelhantes às dos moradores do DF. “Os ônibus estão sempre lotados e as passagens são muito caras. Acho que o governo de Brasília também deveria pensar em quem mora no Entorno”, defende o jardineiro.
Para o doutor em engenharia de transportes pela Universidade de Brasília José Leles de Souza, o novo governo terá que reestruturar o transporte coletivo de forma global. “É preciso fazer um estudo de viabilidade de faixas preferenciais ou exclusivas e rever o sistema de concessões para garantir critérios maiores de qualidade, conforto e cumprimento de horários. Essas devem ser algumas das prioridades”, explica o especialista.
Segundo ele, também é necessário fazer ajustes no sistema viário que privilegiem, por exemplo, a circulação de bicicletas. “Foram feitas várias reformulações das rodovias do Distrito Federal, mas, em muito poucas delas, vemos ciclovias ou ciclofaixas. Só o automóvel é privilegiado e esse conceito precisa mudar”, alerta José Leles de Souza.
Semiurbano
As linhas que ligam cidades do Entorno ao Distrito Federal estão entre as mais movimentadas entre todas as de transporte interestadual semiurbano do Brasil (que conectam dois estados, mas têm distâncias inferiores a 75km). O gerenciamento desse sistema cabe à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Além de o serviço prestado pelas empresas de ônibus estar muito longe do ideal, as passagens de Brasília estão entre as mais caras do Brasil. A tarifa média, de R$ 2,50, é bem superior ao preço máximo cobrado em Goiânia, que é de R$ 2,25, e em Belo Horizonte, onde o bilhete mais caro sai por R$ 2,30. Para piorar, as empresas negociam com o governo um reajuste que pode chegar a até 42,5% no ano que vem.
O copeiro Gilmar Monteiro dos Reis, 45 anos, percorre todos os dias o trajeto entre a QNQ de Ceilândia e a Rodoviária do Plano Piloto. Na maioria das vezes, faz o percurso de uma hora em pé. Para entrar no veículo na volta para casa, às vezes espera mais de 40 minutos. “O maior problema é a falta de ônibus. Eles demoram muito para passar e, quando vêm, estão completamente lotados. É muito ruim ter que trabalhar o dia inteiro e ainda voltar em um ônibus cheio”, reclama o copeiro.
De acordo com a Secretaria de Transportes, 1,1 mil veículos de transporte coletivo foram substituídos por modelos novos nos últimos quatro anos. Mas o estado de conservação ainda gera reclamações. Pelas ruas do Distrito Federal, é comum encontrar ônibus quebrados e passageiros esperando a chegada de um novo coletivo. O descumprimento dos horários e a ausência de informações nas paradas de ônibus também estão entre os motivos de queixas dos passageiros.
Para a secretária Joelma Lopes, 29 anos, a falta de conforto incomoda. “Acho um absurdo pagar R$ 3 pela passagem e nem sequer poder sentar dentro do ônibus. A fila da minha linha, que vai para Brazlândia, é a maior de toda a Rodoviária. Se eu chegar depois das 18h, tenho que esperar por quase uma hora”, conta Joelma, usuária da linha 400.2.
Especialistas em transportes públicos recomendam uma mudança radical na gestão do sistema da capital federal para que a população possa ter acesso a serviços de melhor qualidade. Para o professor da Universidade de Brasília e especialista em engenharia de tráfego Paulo César Marques, é preciso fortalecer os órgãos públicos de gestão.
“O sistema não pode funcionar unicamente baseado na lógica de mercado, como vem acontecendo. Hoje, quem manda e decide são os operadores, que são os empresários da área. Há muitos anos, não são feitas licitações e o órgão gestor é extremamente frágil”, explica Paulo César.
O professor também afirma que um dos maiores gargalos atualmente é a falta de integração entre os diferentes meios de transporte. Quem precisa fazer uma parte do trajeto de ônibus e outra de metrô precisa pagar duas passagens. Anunciado há pelo menos quatro anos, o bilhete único ainda não saiu do papel. “Uma das necessidades mais urgentes é a integração global do transporte público, que envolva também o sistema do Entorno.
Ao contrário do que foi divulgado, não há
necessidade de grandes obras para implantar isso. Basta implantar a bilhetagem eletrônica”, explica o professor Paulo César Marques.
Entorno
Quem mora no Entorno e trabalha no DF sofre ainda mais. Para vir de Águas Lindas (GO) até o centro de Brasília, o jardineiro Odair José da Silva, 37 anos, gasta diariamente R$ 4,25 em cada trecho. As reclamações são semelhantes às dos moradores do DF. “Os ônibus estão sempre lotados e as passagens são muito caras. Acho que o governo de Brasília também deveria pensar em quem mora no Entorno”, defende o jardineiro.
Para o doutor em engenharia de transportes pela Universidade de Brasília José Leles de Souza, o novo governo terá que reestruturar o transporte coletivo de forma global. “É preciso fazer um estudo de viabilidade de faixas preferenciais ou exclusivas e rever o sistema de concessões para garantir critérios maiores de qualidade, conforto e cumprimento de horários. Essas devem ser algumas das prioridades”, explica o especialista.
Segundo ele, também é necessário fazer ajustes no sistema viário que privilegiem, por exemplo, a circulação de bicicletas. “Foram feitas várias reformulações das rodovias do Distrito Federal, mas, em muito poucas delas, vemos ciclovias ou ciclofaixas. Só o automóvel é privilegiado e esse conceito precisa mudar”, alerta José Leles de Souza.
Semiurbano
As linhas que ligam cidades do Entorno ao Distrito Federal estão entre as mais movimentadas entre todas as de transporte interestadual semiurbano do Brasil (que conectam dois estados, mas têm distâncias inferiores a 75km). O gerenciamento desse sistema cabe à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
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