Com 150 mil habitantes, a cidade consegue atrair mais de 400 mil pessoas residentes nos municípios goianos. Isso mexe com a economia local e consolida a sua imagem como capital da região metropolitana
Publicação: 10/02/2011 08:13 Atualização:
Vizinha dos municípios goianos de Luziânia, Santo Antônio do Descoberto, Novo Gama, Cidade Ocidental, Valparaíso e Luziânia, a região administrativa do Gama é conhecida como a capital do Entorno. Isso porque a população das cidades próximas costuma servir-se do comércio e dos serviços — privados e públicos — ofertados. Afinal, a outra opção mais perto, Santa Maria, é carente em recreação, educação e saúde, e tem um varejo ainda em processo de expansão. Empresários calculam que cerca de 600 mil pessoas das cidades vizinhas frequentam o Gama por dia, descontados os mais de 150 mil habitantes. São 6,5 mil empresas funcionando, incluindo lojas, faculdades, bancos e indústrias. A economia da cidade pode ser comparada à de Taguatinga e Ceilândia, outros polos de peso no Distrito Federal. Aos 50 anos, a localidade tem como desafio achar um caminho sustentável para se consolidar como centro de referência regional. Para isso, reivindica mais atenção por parte do Governo do DF a problemas antigos.
A vocação comercial e de oferta de serviços do Gama foi confirmada depois que o setor de indústria, composto por sete quadras na entrada da cidade, não prosperou. A área chegou a ter um número aproximado de 20 indústrias. O restante do espaço teve sua destinação original desvirtuada, sendo ocupado por atividades como postos de gasolina, distribuidoras, oficinas mecânicas e até residências. Hoje, cerca de metade dos empreendimentos industriais não está mais lá. A versão mais recente do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) do Distrito Federal classificou a área como mista, permitindo a presença de comércio, unidades habitacionais e pequenos empreendimentos industriais.
Imóveis
Com a mudança, o local se transformou em foco de expansão imobiliária do Gama. Atualmente, 26 prédios residenciais estão previstos para serem edificados nas quadras, por diferentes construtoras. O consultor de varejo Alexandre Ayres afirma que o que ocorreu no Setor de Indústria do Gama é um fenômeno corriqueiro em zonas urbanas que estão passando por processo semelhante.
“Acontece uma pressão muito grande em áreas comerciais e industriais degradadas por parte do mercado de imóveis”, diz. Ayres explica que o crescimento vertical da cidade — que tem habitantes de classe média e um comércio consolidado — resultará em um aumento da população e, consequentemente, do mercado consumidor. Nesses casos, investidores de olho no incremento respondem ao aceno da construção civil. A qualidade da atividade comercial e da oferta de serviços existentes tende a melhorar.
De acordo com a Associação Comercial, Empresarial e Industrial do Gama (Aceig), o movimento descrito pelo consultor de varejo está a todo vapor no Gama. Em 2010, a cidade recebeu unidades de conhecidas empresas nacionais. Entre elas, a lanchonete Subway, o restaurante fast food Montana Grill e as lojas de departamentos Americanas e Marisa. “Esses empresários entendem que haverá um crescimento muito grande. A área habitacional está prevista para receber 20 mil pessoas nos próximos cinco anos”, diz Manuel Domingos Farinha Cardoso, presidente da Aceig.
Necessidades
Manuel Cardoso acredita que uma série de necessidades devem ser atendidas para que a cidade se adapte e comporte o desenvolvimento previsto. Entre elas, resolver o problema do comércio informal, que ele classifica como gravíssimo. “A fiscalização estava em cima nos últimos quatro anos, mas agora os ambulantes voltaram. As ruas estão intransitáveis, principalmente no Setor Central”, denuncia. Ele chama a atenção para os muitos problemas da Feira Modelo, criada para receber esses vendedores informais. “O local está funcionando precariamente. Até pouco tempo atrás, não tinha energia elétrica. Há muito comerciante que quer se legalizar, recolher taxas, mas ainda não saiu a concessão de uso da área. É diferente da Feira Permanente, mais antiga. O Governo do DF não fez os investimentos necessários”, afirma.
De acordo com o presidente da Aceig, é preciso sanar a sobrecarga da saúde e da educação públicas do Gama. “O pessoal do Entorno que vem consumir aqui também utiliza esses serviços. Ou melhora os nossos, ou criam-se políticas nos municípios deles. Até porque, o comércio dos locais de origem dessa gente também está crescendo e a procura pelo nosso já não é tão grande assim. Não há mais tanto benefício do ponto de vista econômico”, diz Manuel Cardoso.
Moradores do Gama como Antônio de Nardo, 70 anos, enxergam tanto os avanços quanto as carências no lugar. Ele diz que o crescimento econômico é inegável. “Eu vejo pela atividade que exerço. Sou corretor de imóveis. O Gama não é uma cidade rica, mas também não é miserável. Acredito que, hoje, poderíamos ter mais serviços”, afirma.
Embora o Setor de Indústria da cidade esteja se transformando em uma área de crescimento imobiliário, a atividade produtiva não perdeu de todo a força na cidade. Na Área Especial 3 situam-se a fábrica de latas Rexam e uma unidade da produtora multinacional de cervejas Ambev. Existe ainda a possibilidade de ocupação da Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) do Gama por empreendedores beneficiários do Programa de Desenvolvimento Sustentável do DF (Pró-DF). Mas a urbanização do local está interrompida por falta de licenciamento ambiental.
Shopping é referência de mudanças
A vocação comercial e de oferta de serviços do Gama foi confirmada depois que o setor de indústria, composto por sete quadras na entrada da cidade, não prosperou. A área chegou a ter um número aproximado de 20 indústrias. O restante do espaço teve sua destinação original desvirtuada, sendo ocupado por atividades como postos de gasolina, distribuidoras, oficinas mecânicas e até residências. Hoje, cerca de metade dos empreendimentos industriais não está mais lá. A versão mais recente do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) do Distrito Federal classificou a área como mista, permitindo a presença de comércio, unidades habitacionais e pequenos empreendimentos industriais.
Imóveis
Com a mudança, o local se transformou em foco de expansão imobiliária do Gama. Atualmente, 26 prédios residenciais estão previstos para serem edificados nas quadras, por diferentes construtoras. O consultor de varejo Alexandre Ayres afirma que o que ocorreu no Setor de Indústria do Gama é um fenômeno corriqueiro em zonas urbanas que estão passando por processo semelhante.
“Acontece uma pressão muito grande em áreas comerciais e industriais degradadas por parte do mercado de imóveis”, diz. Ayres explica que o crescimento vertical da cidade — que tem habitantes de classe média e um comércio consolidado — resultará em um aumento da população e, consequentemente, do mercado consumidor. Nesses casos, investidores de olho no incremento respondem ao aceno da construção civil. A qualidade da atividade comercial e da oferta de serviços existentes tende a melhorar.
De acordo com a Associação Comercial, Empresarial e Industrial do Gama (Aceig), o movimento descrito pelo consultor de varejo está a todo vapor no Gama. Em 2010, a cidade recebeu unidades de conhecidas empresas nacionais. Entre elas, a lanchonete Subway, o restaurante fast food Montana Grill e as lojas de departamentos Americanas e Marisa. “Esses empresários entendem que haverá um crescimento muito grande. A área habitacional está prevista para receber 20 mil pessoas nos próximos cinco anos”, diz Manuel Domingos Farinha Cardoso, presidente da Aceig.
Necessidades
Manuel Cardoso acredita que uma série de necessidades devem ser atendidas para que a cidade se adapte e comporte o desenvolvimento previsto. Entre elas, resolver o problema do comércio informal, que ele classifica como gravíssimo. “A fiscalização estava em cima nos últimos quatro anos, mas agora os ambulantes voltaram. As ruas estão intransitáveis, principalmente no Setor Central”, denuncia. Ele chama a atenção para os muitos problemas da Feira Modelo, criada para receber esses vendedores informais. “O local está funcionando precariamente. Até pouco tempo atrás, não tinha energia elétrica. Há muito comerciante que quer se legalizar, recolher taxas, mas ainda não saiu a concessão de uso da área. É diferente da Feira Permanente, mais antiga. O Governo do DF não fez os investimentos necessários”, afirma.
De acordo com o presidente da Aceig, é preciso sanar a sobrecarga da saúde e da educação públicas do Gama. “O pessoal do Entorno que vem consumir aqui também utiliza esses serviços. Ou melhora os nossos, ou criam-se políticas nos municípios deles. Até porque, o comércio dos locais de origem dessa gente também está crescendo e a procura pelo nosso já não é tão grande assim. Não há mais tanto benefício do ponto de vista econômico”, diz Manuel Cardoso.
Moradores do Gama como Antônio de Nardo, 70 anos, enxergam tanto os avanços quanto as carências no lugar. Ele diz que o crescimento econômico é inegável. “Eu vejo pela atividade que exerço. Sou corretor de imóveis. O Gama não é uma cidade rica, mas também não é miserável. Acredito que, hoje, poderíamos ter mais serviços”, afirma.
Embora o Setor de Indústria da cidade esteja se transformando em uma área de crescimento imobiliário, a atividade produtiva não perdeu de todo a força na cidade. Na Área Especial 3 situam-se a fábrica de latas Rexam e uma unidade da produtora multinacional de cervejas Ambev. Existe ainda a possibilidade de ocupação da Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) do Gama por empreendedores beneficiários do Programa de Desenvolvimento Sustentável do DF (Pró-DF). Mas a urbanização do local está interrompida por falta de licenciamento ambiental.
Shopping é referência de mudanças
Um lugar que simboliza o comércio aquecido e consolidado da região administrativa do Gama é o Gama Shopping. Inaugurada em 1997, a área, com espaço para 419 lojas, vem mudando de cara lentamente ao longo dos anos. De início, era um galpão com boxes de metal e vidro onde funcionavam somente comércios locais. Atualmente, dezenas de estabelecimentos incrementaram a decoração, deixando para trás a estrutura física básica. Além disso, é possível ver lojas que representam marcas renomadas.
Uma delas é a comandada pela empresária e funcionária pública aposentada Elena Magalhães, 50 anos. Moradora do Gama há 40, um ano e meio atrás Elena decidiu unir-se à nora e investir em uma filial da grife de sapatos Carmem Stephens, de projeção internacional. Os calçados saem por preços salgados, a uma média de R$ 200. Apesar disso, a dona do estabelecimento, garante que seu produto tem boa saída. Ela também vende modelos Raphael Stephens, braço masculino da marca.
Clientes
“Há clientes que gostam e são fiéis. A cidade está mudando, cada vez mais pessoas têm carro e casa própria. Meu público são servidores públicos, empresários, os próprios lojistas. Me sinto feliz em proporcionar isso à comunidade. Tenho uma cliente cuja mãe era empregada doméstica. Ela conta que a acompanhava ao trabalho, no Plano Piloto, via os sapatos da patroa e desejava usá-los. Hoje, ela encontra parecidos aqui na loja. Antes, isso era uma coisa impensável para o morador do Gama”, afirma Elena Magalhães. Além do estabelecimento de Elena, outros também de projeção internacional são M.Officer e Havaianas.
Marlene Francisca da Silva, 48 anos, vendedora de uma loja de roupas no Gama Shopping, aprova as mudanças, mas diz que gostaria de um comércio ainda mais diversificado. “Em vista do que vemos em outras cidades, como Taguatinga, nossa atividade comercial ainda é fraca. É um quebra-galho. Temos alguns serviços, como as faculdades Fortium, JK, Uniplac, e um câmpus da UnB”, enumera.
A renda da população do Gama segundo a única medição disponível, realizada em 2004 pela Companhia de Desenvolvimento do Planalto (Codeplan), é de seis salários mínimos em média por família e 1,2 salário por pessoa.
Uma delas é a comandada pela empresária e funcionária pública aposentada Elena Magalhães, 50 anos. Moradora do Gama há 40, um ano e meio atrás Elena decidiu unir-se à nora e investir em uma filial da grife de sapatos Carmem Stephens, de projeção internacional. Os calçados saem por preços salgados, a uma média de R$ 200. Apesar disso, a dona do estabelecimento, garante que seu produto tem boa saída. Ela também vende modelos Raphael Stephens, braço masculino da marca.
Clientes
“Há clientes que gostam e são fiéis. A cidade está mudando, cada vez mais pessoas têm carro e casa própria. Meu público são servidores públicos, empresários, os próprios lojistas. Me sinto feliz em proporcionar isso à comunidade. Tenho uma cliente cuja mãe era empregada doméstica. Ela conta que a acompanhava ao trabalho, no Plano Piloto, via os sapatos da patroa e desejava usá-los. Hoje, ela encontra parecidos aqui na loja. Antes, isso era uma coisa impensável para o morador do Gama”, afirma Elena Magalhães. Além do estabelecimento de Elena, outros também de projeção internacional são M.Officer e Havaianas.
Marlene Francisca da Silva, 48 anos, vendedora de uma loja de roupas no Gama Shopping, aprova as mudanças, mas diz que gostaria de um comércio ainda mais diversificado. “Em vista do que vemos em outras cidades, como Taguatinga, nossa atividade comercial ainda é fraca. É um quebra-galho. Temos alguns serviços, como as faculdades Fortium, JK, Uniplac, e um câmpus da UnB”, enumera.
A renda da população do Gama segundo a única medição disponível, realizada em 2004 pela Companhia de Desenvolvimento do Planalto (Codeplan), é de seis salários mínimos em média por família e 1,2 salário por pessoa.
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